Somente por meio da educação é que a gente vai conseguir solucionar os problemas do mundo, como o preconceito, a desigualdade social e, claro, o racismo estrutural. O tema está presente na vida dos estudantes, mas é dentro do ambiente escolar que eles aprendem, descobrem e experimentam os primeiros desafios do convívio em sociedade.
Por esse e outros motivos, trazer a educação antirracista para o dia a dia dos estudantes é tão importante na sua formação e desenvolvimento em diferentes fases da vida.
Se a escola não desenvolve esse ambiente construtivo e seguro para a diversidade, valorizando as diferenças, os alunos tendem a se afastar, o que pode tornar o processo de aprendizagem muito mais difícil, reforçando estereótipos e preconceitos.
Para entender como a educação antirracista pode transformar o ambiente escoler, continue lendo esse conteúdo até o final. Acompanhe!
O que é educação antirracista?
A educação antirracista é uma abordagem que tem como objetivo ensinar as crianças e os adolescentes a coibirem a disseminação de falas racistas e preconceituosas com relação à etnia ou cor da pele. Sua essência também está em valorizar a identidade, a cultura e a natureza de diferentes povos, protegendo as crianças do racismo no Brasil e no mundo.
Quando uma escola adota uma educação antirracista no seu dia a dia, ela revisita algumas pautas discutidas em sala de aula, atividades extracurriculares e a maneira como são celebradas datas comemorativas dentro da instituição.
A implementação dessa filosofia educacional é importante em todas as faixas etárias, não importa o nível de aprendizagem. Sua construção pode passar pelo espaço, currículo, metodologias e na formação do corpo docente, da Educação Infantil até o Ensino Médio.
Por que a educação antirracista é importante para o desenvolvimento do estudante?
Há mais de 20 anos, mais precisamente em janeiro de 2003, foi sancionada a Lei nº 10.639, alterando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, incluindo o tema obrigatório no currículo oficial da Rede de Ensino: História e Cultura Afro-Brasileira.
Desde então, as primeiras abordagens de uma educação antirracista passou a ser um dever e não mais uma escolha da escola. Só que precisamos ir além de datas simbólicas ou projetos circunstanciais que lembram as lutas antirracistas.
É fundamental trazer uma abordagem mais ativa e colocar como protagonistas os diferentes povos que fazem parte da nossa sociedade. Infelizmente, o olhar racista sobre as crianças é com o intuito de diminuir, rebaixar e tirar o seu protagonismo e valor.
Neste contexto, a escola deve ter uma atuação consistente, combatendo esse tipo de retrocesso e mostrando aos alunos que todos podem alcançar o seu verdadeiro potencial. Quando o ambiente escolar abraça a diversidade, essa luta contra o racismo ganha um aliado importante.
Afinal, esse é o espaço para socializar, viver experiências e descobertas que vão impactar na sua formação em todos os sentidos.
Como o racismo está presente na vida das crianças e adolescentes?
Engana-se quem acredita que o racismo não faz parte da vida dos estudantes. No caso de crianças negras e indígenas a situação é ainda mais alarmante. Segundo a UNICEF, é na primeira infância, do nascimento até os 6 anos de idade, que elas costumam sofrer alguma experiência de racismo pela primeira vez.
Pensando nisso, a ONU criou a estratégia PIA (Primeira Infância Antirracista), que tem como objetivo chamar a atenção dos profisisonais de educação, assistência social e saúde de todo o Brasil sobre os impactos do racismo no desenvolvimento infantil.
E no caso das crianças mais privilegiadas, com acesso à internet, conteúdo digital e redes sociais, o racismo também pode estar presente.
Nos ídolos do futebol
Recentemente, vimos o caso sofrido por Vinicius Jr., atacante brasileiro de apenas 21 anos que atua no Real Madrid. O atleta tem sido vítima constante de ataques racistas na Espanha e o último caso, inclusive, comoveu o mundo todo.
Até nas princesas da Disney
Outro caso aconteceu quando a Disney anunciou a versão live-action do clássico “A Pequena Sereia” com a indicação de Halle Bailey como Ariel, no papel principal do filme. Desde então, a atriz negra sofreu diversos ataques racistas nas redes sociais.
Cor de pele, traços físicos, cabelo e outras características físicas podem ser um gatilho para o racismo que estigmatiza e coloca uma hierarquia errônea na diferença entre as crianças, o que impacta o desenvolvimento infantil como a capacidade de socialização, autoestima, além da saúde física e mental. Por isso, o racismo precisa sim ser combatido em toda a sociedade.
Quando e como a escola deve oferecer uma educação antirracista?
Existem diferentes formas de oferecer uma educação antirracista, principalmente pelas variações em que o assunto deve ser abordado da Educação Infantil até o Ensino Médio. No caso das crianças pequenas (Primeira Infância), a escola pode realizar rodas de leitura com livros sobre o tema. Neste link, você encontra boas referências.
Quando evoluímos para o Ensino Fundamental I e II, é possível propor aos alunos que façam pesquisas sobre fatos do seu cotidiano e analisem cada um deles para, depois, trazer para o debate em sala de aula. O caso ocorrido com Vinícius Jr. poderia ser um exemplo.
Já no Ensino Médio, é possível ir mais a fundo no tema, apresentando dados e fatos sobre os efeitos do racismo na sociedade, apresentar o conceito de racismo estrutural de forma mais clara ao mesmo tempo em que valoriza a cultura e a história dos povos originários (essa valorização, inclusive, pode ser feita desde a primeira infância).
O importante é que o discurso deve estar sempre alinhado com a prática na escola, criando um ambiente de convívio em harmonia, valorizando a diversidade.
Escola Mais e a educação antirracista
Na Escola Mais, sempre buscamos formas de combater o racismo dentro e fora da sala de aula, entre os alunos e os profissionais que fazem parte da nossa instituição. Em parceria com a Bahema, foi iniciado um processo de educação antirracista voltado para o cuidado com as questões relacionadas à diversidade, equidade e igualdade.
Os “Encontros de sensibilização: Educação Antirracista” começaram em outubro de 2022 para vários níveis de liderança, iniciando com os diretores da matriz (áreas mais administrativas). Em novembro, foi realizada a segunda edição do evento que contou com a participação de todos os gerentes. Em abril, as equipes gestoras de cada unidade (Coordenadores Administrativo, Pedagógico e de Comunidade) também se dividiram para os encontros.
“Participei do encontro com os gestores em novembro do ano passado e em abril deste ano. Foram momentos ricos de aprendizagem e trocas de experiências, um espaço em que pudemos compartilhar dúvidas, angústias e trazer exemplos vivenciados tanto no espaço escolar, como na vida pessoal”, disse Kelly Silva, Orientadora Educacional da Rede Escola Mais, que complementa:
“Na ocasião, o professor Fábio Conceição, da Escola Parque, trouxe referências de autores, dados estatísticos e reflexões sobre o tema para pensar o racismo como um problema atual. Foi um momento riquíssimo que a Escola Mais possibilitou para todos e senti que, de alguma forma, todos se sensibilizaram com o tema, refletindo sobre as práticas com os alunos e o nosso papel como educadores”, finaliza.
A próxima palestra será realizada na terça-feira, dia 30/5, às 19h30, com a Dra. Nilma Lino Gomes. O evento será gratuito e transmitido pelo YouTube. Vale a pena conferir!